A artilharia bracarense era de pólvora seca e o ponto ficou na bagagem
Vitória começou perigoso, perdeu força ao longo dos 90 minutos e acabou com o coração nas mãos perante a torrente de oportunidades do rival. Foi o terceiro jogo seguido sem sofrer golos.

A 17.ª visita do Vitória à Pedreira fica para a história pelo crescente sobressalto com que viveu os 90 minutos: depois de uma primeira parte até equilibrada, mesmo com ligeiro domínio bracarense, os comandados de Pepa não tiveram intensidade, nem habilidade tática para igualar o futebol do adversário, sofrendo a bom sofrer para aguentar o primeiro nulo no Estádio Municipal de Braga desde 2015.
O início parecia augurar um Vitória pleno de sentido de oportunidade para ferir o rival: na primeira transição ofensiva de que dispôs, ao minuto cinco, Oscar Estupiñán falhou o golo de forma clamorosa, após cruzamento de Rochinha na esquerda.
A restante história da primeira parte não foi bem assim, contudo: o Vitória foi ofensivo a espaços, mas, por excessiva cautela ou incapacidade, raramente desequilibrou o sistema arsenalista na hora de desenhar os ataques. O meio-campo vitoriano até colocou gelo no jogo quando tinha a bola, resistindo à acirrada pressão bracarense, mas faltou a destreza para levar a bola até ao trio atacante em movimentos ao primeiro toque.
Emperrada no miolo, a construção vitoriana caiu num ciclo de recuo da bola até à área, para depois Trmal bombear a bola para o meio-campo. Mas os duelos também não correram de feição à equipa vestida de negro, permitindo ao Sp. Braga iniciar ataques sucessivos a partir do meio-campo, embora sem grande sucesso.
Com um futebol assente em lançamentos longos para o ala no espaço vazio, os anfitriões estiveram no geral desinspirados, à exceção dos irmãos Horta, quase sempre perigosos quando a bola caía nos seus pés: Ricardo obrigou o guardião vitoriano a defesa apertada, aos 13 minutos, enquanto André acertou no poste, num disparo de longe, aos 24. Nos últimos cinco minutos do primeiro tempo, o mesmo duo voltou a ameaçar o golo. Pelo meio, uma perdida clamorosa de Quaresma: assistido por Rafa Soares, o internacional português demorou a enquadrar-se com a baliza e permitiu o corte de Galeno, quando o golo parecia o cenário mais provável.
Os treinadores não mexeram ao intervalo e o domínio bracarense, intermitente ao longo da primeira parte, acentuou-se no começo da segunda parte: o meio-campo começou a roubar bolas atrás de bolas a um conjunto vitoriano algo passivo no momento de construir. Os pupilos de Carlos Carvalhal chegaram mais facilmente à área, mas Trmal esteve à altura: opôs-se com segurança a um remate de Fábio Martins, aos 49 minutos, e fez duas manchas a Abel Ruiz, aos minutos 57 e 67.
Com as alterações, o Vitória melhorou ligeiramente, mas a (pobre) definição dos ataques manteve a defesa arsenalista a salvo, sem grandes calafrios. No outro lado do terreno, a defesa caía volta e meia nas armadilhas de pressão da Sp. Braga, como aconteceu no lance que quase deu o golo a Ricardo Horta, num remate de longe aos 79 minutos. A incapacidade nos duelos e no posicionamento também não ajudou, cimentando a supremacia dos anfitriões até ao último minuto.
Um remate ao lado de Rafa Soares, aos 86 minutos, foi o último fôlego do Vitória, antes de nova ameaça de Mario González: desta vez o ponta de lança espanhol acertou na barra.
Com este resultado, o Vitória somou o terceiro jogo seguido sem sofrer golos no campeonato e manteve provisoriamente o nono lugar da tabela, com cinco pontos.
