skipToMain

100 cartoons a abrir e “bases lançadas” para a construção de um museu

O momento é de enfatizar o passado, mas de olhos postos no futuro, deixando um “legado paras as décadas que se seguem”. Duas investigadoras especializadas inventariam material existente no clube.

19 janeiro 2022 > 10:00

A entrada no novo ano traz a Guimarães o assinalar de uma efeméride ímpar naquela que é uma das suas principais instituições: o centenário do Vitória SC. “Um momento marcante na vida do Vitória”, segundo Albino Teibão, vice-presidente do clube e membro da comissão do centenário, criada para organizar as comemorações dos primeiros cem anos de vida do clube. A linha orientadora está bem delimitada e pretende fazer a ponte entre o passado e o futuro através de uma programação que contempla diversas iniciativas nos mais variados formatos.

“O centenário deve construir um marco para a nossa compreensão do passado, mas também uma alavanca para o futuro. É uma oportunidade para aprofundarmos o estudo sobre o Vitória e promovermos a divulgação desse mesmo conhecimento, com o objetivo de envolver a comunidade na construção do clube que queremos para as próximas décadas”, elucida o vice-presidente.

E a definição daquilo que será o futuro do Vitória SC tem assente uma premissa umbilicalmente ligada à identidade do clube: envolver a comunidade. O objetivo da comissão é que “a comunidade, os sócios e adeptos, portanto, se sintam envolvidos de diversas formas e que todos tenham a oportunidade de participar e de contribuir para este momento coletivo”. Neste figurino centra-se particular atenção nas faixas etárias mais baixas, de forma a fazer com que “as novas gerações se identifiquem com o clube e participem no seu dia a dia”, até porque “serão eles os vitorianos do futuro”.

 

Bases lançadas para a construção de um museu

A programação do Centenário será divulgada de forma faseada, até porque a calendarização do clube, com jogos e outros eventos, assim o obriga. Já se realizaram diversas iniciativas neste âmbito, como a discussão pública sobre o Cartão do Adepto, estando outros eventos marcados, nomeadamente tertúlias em que se debaterá o passado e o futuro do desporto e do futebol. “Posso adiantar que as primeiras serão com Tiago Craveiro, CEO da Federação Portuguesa de Futebol, e com o Proença, presidente da Liga”, destaca Albino Teibão em declarações ao Jornal de Guimarães.

No dia 27 de janeiro, “teremos uma grande homenagem a Neno, precisamente no dia em que completaria sessenta anos”. Contudo, mais do que iniciativas de cariz imaterial, tem sido feita uma aposta considerável no património que o clube deixa para a posteridade, através da criação de um espólio museológico. Elementos da comissão do centenário têm visitado espólios e museus particulares com o intuito de dar passos para a criação de um museu do clube. “É objetivo do Vitória ter um espaço físico muito mais condizente com a sua história, as suas figuras e os seus feitos”, realça Albino Teibão, assegurando que “as bases do novo museu já estão lançadas”, até porque o clube tem neste momento “duas investigadoras a desenvolver um minucioso trabalho de inventariação” do material existente.

Parte desse processo de inventariação está relacionado com outras iniciativas que a comissão do centenário tem perspetivadas no espaço dos antigos correios de Guimarães, na rua de Santo António. Este espaço de referência no centro da cidade servirá como uma espécie de sede do centenário e abrirá portas nas próximas semanas. “Será um museu permanente, que foi pensado devido à sua centralidade e que facilmente se tornará um espaço a frequentar pelos vitorianos e vimaranenses”, explica o dirigente. Contudo, este espaço não será exclusivo, uma vez que em parceira com o município o clube estará “em várias freguesias com exposição itinerantes e dedicadas”.

 

"Perspetiva diferente": 100 anos traçados em cartoons

No final de dezembro, foi lançado o livro “O clube d'O Rei – 100 anos 100 cartoons”, no qual é traçada “uma perspetiva diferente da história do Vitória, mais ligeira, menos factual e menos documental, mas com a vantagem de ser muito mais apelativa, em virtude do efeito sedutor da caricatura e de cartoon”, explica Miguel Salazar, o autor do livro.

Os 100 cartoons, “selecionados a partir de uma amostra superior a mil trabalhos”, retratam os 100 primeiros anos de vida do clube, sendo acompanhados por textos de 14 personalidades do universo vitoriano. A seleção dos 100 cartoons “foi extremamente difícil”, o primeiro data de 1981 e foram criadas quatro dezenas de novos cartoons. “Não tinha trabalhos feitos acerca dos primeiros 59 anos do clube”, atira Miguel Salazar.

Com um vasto reportório de cartoons, traçados de forma artesanal com recurso a papel, caneta e lápis de cor, “a esmagadora maioria” dizendo respeito ao Vitória, o médico militar e diretor clínico do polo do Porto do Hospital das Forças Armadas começou a desenhar em 1978 e nunca teve qualquer tipo de formação nesta área. Quando o convite para conceber este livro surgiu aceitou de imediato. “Poder participar ativamente na preservação da memória do nosso clube é uma oportunidade e um privilégio. O convite para pertencer à comissão do centenário já seria, por si só, um grande orgulho. Tudo o que for feito ao longo deste ano ficará na memória desta geração e das gerações vindouras”, refere o cartoonista.

Desde logo, para as gerações vindouras fica uma revelação: o primeiro presidente do clube foi Mariano Felgueiras e não António Macedo, como era oficial até agora, de acordo com António Amaro das Neves. O historiador descreve a primeira década do clube e na sua pesquisa encontrou registos de jornais da época, de 1923, indicando uma direção presidida por Mariano Felgueiras. Este achado “resulta de um trabalho muito competente de alguém eu dedica a sua vida a estudar, e a divulgar, a história da nossa cidade”, facto pelo qual Migue Salazar considera Amaro das Neves “um dos triunfos” deste livro.

Este pedaço de história está à venda nas lojas do clube estando as vendas a ser “um verdadeiro sucesso”. “A comissão decidiu vender o livro por um preço muito abaixo do seu verdadeiro valor comercial”, dá nota Miguel Salazar. A venda deste livro “não visa o lucro, mas sim a maior divulgação possível da história do clube”, vinca. A primeira remessa de meio milhar de exemplares esgotou de imediato e nova remessa foi entregue ainda antes do Natal “para dar resposta à procura”.

Tópicos

Subscreva a newsletter Tempo de Jogo

Fique a par de todas as novidades

Opinião Desportiva

Multimédia

Podcast